quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Agradeça sempre


"Seja agradecido com todos.Porque todo mundo está criando um espaço para você ser transformado – mesmo aqueles que acham que estão lhe obstruindo, mesmo aqueles que você pensa que são seus inimigos. Seus amigos, seus inimigos, boas e más pessoas, circunstancias favoráveis, circunstancias desfavoráveis – tudo isso junto está criando o contexto no qual você pode ser transformado e tornar-se um Buddha. Seja agradecido a todos – àqueles que lhe ajudaram, àqueles que lhe obstruíram, àqueles que foram indiferentes. Seja grato a todos, porque todos juntos estão criando o contexto no qual Buddhas nascem, no qual você pode se tornar um Buddha."
Osho - ( Extraído de: Book of Wisdom, Chapter 5)

Pensamentos...

“Se pensarmos pequeno...coisas pequenas teremos...Mas se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor, o melhor vai se instalar em nossa vida.Porque sou do tamanho daquilo que vejo e não do tamanho da minha altura.”(Fernando Pessoa)

Coragem

"A vida exige enorme coragem. Apesar de todos os medos, temos que começar a viver. E a vida é insegurança. Se você ficar preocupado demais com proteção e segurança, você permanecerá confinado a um pequeno cantinho, quase em uma prisão. Será seguro, mas não será vivo, não terá aventura, não terá êxtase.. "(Osho)

Por que as mudanças assustam tanto?




"A transitoriedade das coisas que você mais estima pode inspirá-lo a buscar algo que não possa ser tirado". Tartang Tulku
"Acredito que você concordará comigo se eu disser que a mudança costuma ser um tema um tanto difícil de assimilar. Mudança é uma palavra que insere em si sentimentos difíceis de elaborar. Mas o principal deles, e o mais temido, é o medo da morte. Não exatamente o medo da morte física, que é a última das mortes que experimentamos em nossa passagem por este planeta, mas da morte ou transformação psíquica que antecede as mudanças efetivas e visíveis que fazemos em nossas vidas. Sim, porque quando mudamos alguma coisa em nossas vidas, é certo que alguma coisa se transformou primeiramente dentro de nós. Mas por que é sempre tão difícil pensar na morte e nas mudanças? Por que a morte exerce tanto fascínio e temor em nossos corações? Os romanos tinham o seguinte provérbio: memento mori, que quer dizer: lembre-se que vai morrer. Se você parar para refletir sobre a morte, perceberá que a cada momento, a cada minuto, tudo está morrendo abrindo espaço para o novo entrar. É a velha e conhecida lei da transitoriedade, que nos ensinam os orientais mais tradicionais. O que quero dizer com isso é que, por trás de toda dificuldade de aceitação dessa inevitável lei, está nosso medo ancestral de morrer, ou seja, toda mudança evoca nosso instinto básico de sobrevivência e lutamos bravamente, para preservar situações que, na maioria das vezes destroem nossos melhores sentimentos e emoções, por medo de morrer. Mas o que não percebemos é que, no desespero de preservar tudo o que construímos, seja um trabalho, um casamento, uma profissão, morremos um pouco a cada dia, na ilusão da preservação da vida. Entregar-se à vida e a tudo o que ela pode nos trazer de novo, inclusive à possibilidade da morte, é nosso maior desespero. Abandonar-se. Por que isso é tão difícil e desesperador? Mesmo um abandono temporário, como a pratica da meditação, por exemplo, é desesperador para muitas pessoas. E dizemos: "meus pensamentos não me deixam em paz, não consigo me entregar, esvaziar, silenciar". Sentimos medo. Somos todos construídos pelo medo. Medo da vida, medo da morte, medo do novo. Se definitivamente, compreendermos que toda experiência é impermanente, que nosso trabalho será maravilhoso enquanto nos der prazer e alegria, que nosso casamento será eterno enquanto o amor e o respeito prevalecerem, e que quando isso deixar de existir, devemos buscar outras fontes de felicidade e alegria, abrindo espaço para que o novo penetre novamente nossa alma preenchendo-a de alegria e êxtase. Quando pudermos compreender essa maravilhosa lei, nesse momento, e somente nesse momento, poderemos encontrar verdadeiramente nossa felicidade. Essa lei, da qual não podemos fugir nem evitar, faz com que nossa vida tenha movimento. É a grande lei que trabalha a favor da evolução, pois ela nos atira de experiência em experiência, sem descanso, até que um dia finalmente compreendemos que tudo o que buscamos está bem dentro de nós. E isso nunca muda. Somente quando nos sentimos livres, quando temos a coragem de arrancar algumas máscaras que fomos obrigados a vestir, algumas mais cristalizadas do que outras. Quando deixamos de aceitar alguns papéis impostos, começaremos a construir uma verdadeira liberdade, que brota do âmago de nosso ser interior, de nossa alma, do que há de mais profundo dentro de nós. Não falo de uma falsa liberdade que ainda obedece a interesses sociais, mas a verdadeira liberdade de ser, de seguir seu verdadeiro destino que é ser você mesmo, sem máscaras, sem estereótipos. É claro que esse estado implica em sofrimento até que se encontre o êxtase. Implica em solidão, em contato com a dor do descontrole sobre todas as coisas e pessoas que tentamos desesperadamente controlar. Requer o aprendizado e o exercício da maior dificuldade humana, e a maior qualidade necessária para o desenvolvimento espiritual, que é o desapego. Todos os esforços que fizermos em direção contrária ao desapego, ao descontrole, à entrega, serão em vão, pois são contra o princípio básico da vida. Procure e pratique o silêncio, e nele tente encontrar esses sentimentos, carregados dos medos e desesperos que são de todos nós. Não tenha medo de ficar sozinho com você mesmo, pois você nunca estará sozinho, já que seus sentimentos são os sentimentos de todos nós. Cada um de nós deve conquistar sua própria solitude, que não deve nunca ser confundida com solidão. Solitude é um suave estado e sentimento de prazer e liberdade que nos traz a ausência do medo de estar só."
Eunice Ferrari

Leis Herméticas - parte 1

Leis Herméticas - parte 2

Tudo passa...Tudo sempre passará...


"A vida é como uma onda. Ou como uma dança, em que cada momento é único e tem de ser vivido com plenitude. O que é ruim passa e o que é bom também passa. Aceitar a impermanência da alegria e da tristeza e entender que não dá para segurar esse fluxo permite aproveitar melhor o que está aqui e agora.

Por encanto, o momento tornou-se perfeito, sublime: o encontro com a pessoa amada, a festa com os amigos, a descoberta de algo que trouxe grande felicidade. O desejo é que esses momentos não acabem nunca mais. Mas nem toda vontade do mundo, nem todo controle e força são capazes de prolongar ou manter indefinidamente qualquer coisa, por mais bela, positiva ou bem-intencionada que seja.
Surfista das praias do litoral norte de São Paulo, o paulista Renato Guiselini Gonçalves aprendeu esse vaivém da vida com as ondas do mar. “Observo com muita atenção o movimento delas, seu ritmo e constância antes de entrar na água. Elas têm um padrão, uma lógica no caos aparente que é o oceano. Tenho de saber que música elas tocam para, então, decidir como vou dançar”, avalia Renato. Essa sabedoria, ele aplica igualmente na vida. “Aprendi a usar o fluxo das ondas a meu favor. Não luto contra elas”, revela o surfista. As aventuras pelas praias com sua moto também ensinaram outras lições. “Viajantes são obrigados a se adaptar às circunstâncias e a tirar delas o melhor proveito – é gente maleável por natureza. Nunca carregam muito peso na mochila, pois a leveza facilita a liberdade de movimentos”, acredita Renato. Ser mais tolerante e paciente também ajuda, aconselha ele. “E a vida nada mais é do que uma viagem”, confirmam os versos do compositor americano Bob Dylan.
Lições da floresta
A natureza também inspirou o paulista Luís Fernando Rosado. Produtor de shows e eventos em São Paulo, abandonou tudo para se dedicar a uma pousada no meio da Mata Atlântica, na serra da Mantiqueira. Ele testemunha todos os dias a eterna renovação da natureza. “Se um ciclo não termina, não existe a possibilidade de algo novo começar. A eterna transformação garante a continuidade da vida. E as mudanças são ótimas oportunidades de crescimento e expansão”, aprendeu Luís.
O exemplo da renovação cíclica da natureza vem da floresta. “Numa zona desmatada e árida, nasce uma primeira camada de vegetação. Dizem os índios que esses vegetais vão se doar generosamente depois, morrendo e servindo como húmus para a formação da segunda camada de vegetação, que vai substituir quase inteiramente a primeira”, explica Luís. “Durante esse processo, mudam também as espécies de pássaros, insetos e animais”, diz ele. Isto é, se uma camada não morre, a outra não floresce.
Dentro de casa, a gerente administrativa paulista Márcia Bianco também observa essa constante transformação, tanto na alquimia de fazer ingredientes distintos virarem um bolo como na louça que cai e quebra. “Hoje de manhã, olhei para minha pulseira de contas de cristal. Pensei: se ela ficar debaixo das rodas de um carro, vira pó. Essa sensação constante de que se pode gostar das coisas enquanto elas estão perto, mas que não se deve sofrer quando elas mudam, me ensina a ver a vida com mais leveza e liberdade”, acredita Márcia.
Velha mania
Mesmo assim, insistimos em nos agarrar ao que é conhecido – parece mais fácil e confortável. Na verdade, só queremos garantir o que nos agrada, nos dá prazer e segurança. “Mas não existe nada no mundo que impeça o movimento contínuo da vida”, reconhece a psicóloga junguiana Sueli Scartezini, de São Paulo. Ela acompanha doentes terminais e sabe que essa vontade de “ajeitar as coisas a nossa maneira” pode estar presente até nos últimos momentos da existência. “Nos prendemos às pessoas, às circunstâncias, aos bens materiais e principalmente aos nossos ódios e aversões”, diz ela. Não enxergamos como a vida se manifesta. “O desejo de que as coisas permaneçam iguais acontece porque não nos reconhecemos como parte integrante da natureza. Deixamos de perceber os ciclos em que estamos inseridos e nos fixamos numa determinada situação, interna ou externa”, explica Suely.
O pior é que, quanto mais cola nesse esparadrapo, mais ele dói e custa para sair. “A vontade de que algo não mude pode se tornar obsessiva. Com o medo de perder o que temos, surgem tentativas de controle, baseadas na eterna ilusão de que vamos deter o fluxo dos acontecimentos”, diz a psicóloga.
Impermanência
Os budistas chamam de apego essa tendência ao grude. Segundo as palavras de Buda há mais de 2,5 mil anos, essa é a grande causa do sofrimento do mundo. E o apego machuca tanto porque não reconhecemos a impermanência da vida, isto é, não aceitamos que tudo muda e que nada permanece – inclusive nós mesmos. Sim, a morte e a doença nos obrigam a refletir sobre isso. “São temas tão importantes que estavam presentes no primeiro e no último pronunciamento de Buda, feito há milênios”, escreveu o canadense Glenn. H. Mullin, no livro Os Mistérios da Morte na Tradição Tibetana (ed. Kuarup).
A compreensão do conceito de impermanência também pode chegar por meio de algo alegre e vivo. Foi com esse espírito leve que 50 mil budistas cantaram Como uma Onda no Mar, de Lulu Santos e Nelson Motta, num encontro realizado em São Paulo para comemorar o nascimento de Buda. Rebatizada como Melô da Impermanência, a canção ganhou o coro de gente satisfeita com a vida, inclusive por saber muito bem que “nada do que foi será do mesmo jeito que já foi um dia/ Tudo passa, tudo sempre passará...”.

Bons Fluidos- ago/2002 - Texto: Liane Camargo de Almeida Alves