quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Oração do Perdão


Que os infortúnios e mágoas do passado não sejam mais peso em meu coração, a impedir a realização dos mais ardentes anseios de felicidade e sublimação!...

As lágrimas que me fizeram verter - eu perdôo.
As dores e as decepções - eu perdôo.
As traições e mentiras - eu perdôo.
As calúnias e as intrigas - eu perdôo.
O ódio e a perseguição - eu perdôo.
Os golpes que me feriram - eu perdôo.
Os sonhos destruídos - eu perdôo.
As esperanças mortas - eu perdôo.
O desamor e a antipatia - eu perdôo.
A indiferença e a má vontade - eu perdôo.
A desconsideração dos amados - eu perdôo.
A cólera e os maus tratos - eu perdôo.
A negligência e o esquecimento - eu perdôo.
O mundo, com todo o seu mal - eu perdôo.

A partir de hoje proponho-me a perdoar porque a felicidade real é aquela que nasce do esquecimento de todas as faltas!...

No lugar da mágoa e do ressentimento, coloco a compreensão e o entendimento; no lugar da revolta, coloco a fé na Tua Sabedoria e Justiça; no lugar da dor, coloco o esquecimento de mim mesmo; no lugar do pranto coloco a certeza do riso e da esperança porvindoura; no lugar do desejo de vingança, coloco a imagem do Cordeiro imolado e o mais sublime dos perdões...
Só assim, Pai, se um dia eu tiver que retornar à carne, poderei me levantar forte e determinado sobre os meus pés e não obstante todos os sofrimentos que experimentar, serei naturalmente capaz de amar acima de todo desamor, de doar mesmo que despossuído de tudo, de fazer feliz aos que me rodearem, de honrar qualquer tarefa que me concederes, de trabalhar alegremente mesmo que em meio a todos impedimentos, de estender a mão ainda que em mais completa solidão e abandono, de secar lágrimas ainda que aos prantos, de acreditar mesmo que desacreditado, e de transformar tudo em volta pela força de minha vontade, porque só o perdão rasga os véus sombrios do ressentimento e da revolta, frutos infelizes do egoísmo e do orgulho, libertando meu coração no rumo do bem e da paz, do amor verdadeiro e da felicidade eterna!
Assim seja!
(Psicografia Instituto André Luiz, 08.03.2003)

sábado, 19 de dezembro de 2009

Joguei tudo pro alto ! E agora?



Estamos vivendo um momento único e muito especial da história da humanidade, um daqueles momentos de transformações profundas e assustadoras. Quando olho ao redor, vejo, cada vez mais, aumentar o número de pessoas que estão arriscando questionar os paradigmas que por tanto tempo embasaram as relações humanas. Se antes as pessoas seguiam por suas vidas como se tivessem tomado um trem que seguia certo por trilhos pré-determinados, hoje em dia vejo muitos seres corajosos saltando do trem em pleno movimento. Já não querem pagar o preço da prometida e tranquila viagem.
Todos nós embarcamos nesse trem no começo de nossas vidas, o roteiro não tinha muito espaço para criações. Sabíamos que, se seguíssemos embarcados, deveríamos cumprir todas as etapas do tal caminho em direção à felicidade: estudar, casar, ter um emprego, ter uma casa, um carro, casar, ter filhos... Vocês sabem do que estou falando. O trem seguiria sempre e sem paradas, assim não deveríamos questionar a viagem.
Muitos tentaram seguir, de verdade. No início acreditaram em todos aqueles folhetos coloridos com promessas de uma vida feliz! Mas lá pelo meio do caminho, exaustos com aquele chacoalhar infernal, sedentos de uma vida mais plena e verdadeira, perceberam que o preço para continuar embarcados era... a sua alma. Para ter a suposta segurança da viagem, eram obrigados a suportar empregos que desrespeitavam sua liberdade de existir e que muitas vezes ofendiam seus princípios e valores. Tinham que continuar casados com pessoas com as quais já não sentiam a chama do amor. Tinham que trabalhar até tarde da noite para não serem mandados embora de seus empregos. Tinham que abrir mão daquilo que lhes era mais precioso, do convívio com as pessoas amadas, do tempo de vida; para cumprir regras que tinham sido escritas sabe-se lá por quem!
E assim, aos poucos, os primeiros seres corajosos foram se jogando do trem, ousando confrontar a monotonia assassina dos trilhos.
- Eu não quero ter que trabalhar até dez horas da noite! - gritaram uns, e saltaram.
- E eu não quero ter de dividir a minha casa com alguém ao me casar. Não podemos nos amar e ao mesmo tempo morar em casas diferentes? - gritou outro, caindo rolando ao lado do trem que seguia furioso.
_ E eu não quero ser mãe! _ gritou outra enquanto rolava até ser amparada por um arbusto próximo aos trilhos.
E é nesse momento que nos encontramos. Muitos já saltaram do trem. A questão é:
O que fazer a partir disso?

Como conduzir uma vida profissional fora dos padrões sugadores que existem nas empresas atualmente?

Como estabelecer relacionamentos mais livres, com mais respeito pela existência alheia?

E se uma mulher ou homem não colocam a função de procriar e cuidar de sua prole como norteadora de suas vidas... qual é a sua razão de viver?
Esse é o momento no qual corajosos pioneiros lançaram-se do trem em pleno movimento, em direção a si mesmos, mas agora encontram-se perdidos, angustiados, sem saber para onde ir. Olham ao redor e veem aquela imensidão de possibilidades. E não existem trilhas, modelos, afinal eles são os primeiros. Uns poucos já conseguiram estabelecer-se fora dos trilhos torturantes, mas não existem regras às quais as pessoas que saltaram possam se agarrar.
Além disso, agarrar-se às novas regras seria, talvez, repetir aquilo que já viviam, criar outros trilhos aprisionadores. Sendo assim, essa não pode ser a saída!
Eu diria, aos corajosos seres que ousaram saltar desse trem, que não tenham pressa em encontrar o novo caminho. Eu diria que não busquem as respostas ou direcionamentos nos livros, nem mesmo no exemplo de outros. Busquem dentro de si mesmos. Essa é a verdadeira revolução. A descoberta da nossa capacidade de criarmos uma vida mais real, baseada nos anseios de nossas almas. A descoberta de nossa capacidade de encontrar uma resposta única, fresca e verdadeira para cada momento de vida, uma resposta que brota de uma fonte de sabedoria que flui ininterruptamente em nossas profundezas.
Assim, acalme-se, controle o medo e invista sua energia em aproximar-se de si mesmo, desse lugar sagrado no seu íntimo onde respostas podem fluir, livres, inovadoras, autênticas.
Um dia essa será a nossa forma de viver, gosto de pensar assim.
E para chegarmos lá, cabe a cada um de nós encontrar o nosso caminho, baseado em nosso Eu mais profundo e verdadeiro. Para isso é necessária uma boa dose de coragem, senso de aventura e confiança na vida. Talvez fiquemos com os joelhos ralados, é verdade. Mas antes um ferimento nos joelhos do que a morte da alma, acreditem!
Patricia Gebrim

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Sentir Primeiro...

Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois

Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois

Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois

Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois
Mário Quintana

Jardim dos Afetos


Está tudo bem? Parabéns! Pode contar comigo. Quer companhia? Lembrei-me de você. Estou torcendo pelo melhor. Em cada frase, uma gota de atenção, uma centelha de afeto. Rega que nutre nossos jardins, mais exuberantes a cada novo carinho. A falta de tempo não é desculpa para descuidar das plantas. O que não faltam por aí são regadores - mensagens por celular, conversa instantânea, email, cartão virtual e, claro, o bom e velho telefonema. Os saudosistas ainda apostam nos bilhetes escritos a próprio punho. Os mais distantes e românticos preferem reeditar as cartas. Longas, detalhadas, sentidas. Seja como for, um bom jardineiro sabe que o importante é manter a regularidade da irrigação, pois dela dependem o viço das flores e a longevidade dos amores." Raphaela de Campos Mello

Os acertos do Erro




Por incrível que pareça, as escolhas aparentemente equivocadas possibilitam caminhos preciosos para adquirir novos conhecimentos


Errar é humano e faz parte da vida, mas quem é capaz de admitir isso com tranquilidade? Por mais que a gente refute a ideia, a verdade é uma só: ele é inevitável na aprendizagem. "Durante toda a vida, estamos em processo de construção. Não existe vivência sem ensaio e o erro é necessário para orientar nossas decisões", lembra Patricia Ewbank, psicóloga de São Paulo, que nos convida a abandonar as visões distorcidas sobre o assunto. Julgá-lo de cara como algo ruim nos afasta da essência da aquisição do conhecimento, que está em constante movimento. E isso vale para quem lida com pesquisa científica, para um bebê que está descobrindo como falar, para um jovem estudante, um empresário, um dançarino...
1) É possível aprender com os erros?
Sim, é claro. Colocar o erro e o fracasso lado a lado - como causa e consequência - é fazer uma associação mecânica e preconceituosa. Aqui há um claro problema de interpretação do erro, pois a falta de acerto torna-se sinônimo de deslize, falha, fracasso, entre tantas outras possibilidades. Mas, definitivamente, não indica ausência de aprendizado, de avanço. Pelo contrário. "Erramos porque pensamos, porque buscamos saídas para resolver alguma questão e optamos por uma delas", explica Maria Cristina Pereira, coordenadora geral do Centro de Educação e Documentação para a Ação Comunitária (Cedac).O filósofo francês Gaston Bachelard (1884-1962), que lecionou na Universidade de Paris-Sorbonne, na década de 40, defendia que o conhecimento ao longo da história não deve ser avaliado pelo acúmulo, mas sim pelas rupturas e retificações que impulsionou. Em seus estudos, Bachelard mostra como o saber científico se constrói pela constante análise de tentativas mal-sucedidas. Ou seja, erro é oportunidade.
2)Como aprender com os erros?
"Não se deve, porém, aceitar ou negar os caminhos mal-sucedidos. O ideal é transformá-lo em objeto de reflexão", afirma Patricia Ewbank, psicóloga de São Paulo. Essa já era a proposta de educação de Jean Piaget (1896-1980), biólogo suíço que se dedicou à observação do processo de aquisição do conhecimento. Ele defendia que um julgamento equivocado pode levar o sujeito a modificar sua forma de pensar, enriquecendo seu repertório. Em outras palavras, a teoria piagetiana defende que o erro pode ser fonte de tomada de consciência, se avaliado corretamente. "O importante é o trajeto do pensamento e a consequência que ele traz. Aprender não significa acertar logo na primeira vez", analisa Patricia. Esses conceitos continuam vivos no mundo contemporâneo. Guy Brousseau, nome influente nos parâmetros do ensino público francês, é um dos educadores que deles se vale até hoje. Sua Teoria das Situações Didáticas traz uma concepção inovadora do tema, distante da ideia de um desvio imprevisível e encarado como um obstáculo valioso, resultado de um conhecimento anterior, que já teve sua utilidade, mas que no presente mostra-se inadequado.
3) Como aceitar melhor nossos erros?
"Muitas pessoas ainda acreditam que para serem aceitas precisam ser perfeitas e corresponder a um ideal. Esse pressuposto é muito forte e presente nos dias de hoje", diz a psicóloga Patricia. A solução para fugir dessa armadilha é ser humilde (virtude que, nem de longe, corresponde à fraqueza, mas sim à capacidade de reconhecer as próprias limitações naquele momento) e acreditar que falhas eventuais não nos diminuem. "Quem não compreende os próprios erros supervaloriza as regras de comportamento social e tende a se tornar uma pessoa rígida consigo mesma", explica a psicóloga. É necessário ainda outro ingrediente para compreender essa questão. Ou seja, precisamos nos libertar urgentemente da rígida classificação que insiste em dividir a vida em "certo" e "errado". No livro Erro e Fracasso na Escola - Alternativas Teóricas e Práticas (Summus Editorial), Yves de La Taille, especialista em psicologia moral, explica como se pode aprender com nossas falhas. É ele quem aconselha ainda a rever o conceito de corrigir nossos fracassos. Mais do que isso, a aprendizagem pode estar justamente em saber usar o erro como referência ou ainda como algo construtivo para as próximas etapas da vida. Isso nos aproxima da sabedoria, que só se instala quando conseguimos olhar para nossos erros e acertos com a mesma serenidade. Texto: Maria Clara Braz



“Pensamos demasiadamente Sentimos muito pouco Necessitamos mais de humildade Que de máquinas. Mais de bondade e ternura Que de inteligência. Sem isso,a vida se tornará violenta e tudo se perderá.”Charles Chaplin