quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Oração do Perdão


Que os infortúnios e mágoas do passado não sejam mais peso em meu coração, a impedir a realização dos mais ardentes anseios de felicidade e sublimação!...

As lágrimas que me fizeram verter - eu perdôo.
As dores e as decepções - eu perdôo.
As traições e mentiras - eu perdôo.
As calúnias e as intrigas - eu perdôo.
O ódio e a perseguição - eu perdôo.
Os golpes que me feriram - eu perdôo.
Os sonhos destruídos - eu perdôo.
As esperanças mortas - eu perdôo.
O desamor e a antipatia - eu perdôo.
A indiferença e a má vontade - eu perdôo.
A desconsideração dos amados - eu perdôo.
A cólera e os maus tratos - eu perdôo.
A negligência e o esquecimento - eu perdôo.
O mundo, com todo o seu mal - eu perdôo.

A partir de hoje proponho-me a perdoar porque a felicidade real é aquela que nasce do esquecimento de todas as faltas!...

No lugar da mágoa e do ressentimento, coloco a compreensão e o entendimento; no lugar da revolta, coloco a fé na Tua Sabedoria e Justiça; no lugar da dor, coloco o esquecimento de mim mesmo; no lugar do pranto coloco a certeza do riso e da esperança porvindoura; no lugar do desejo de vingança, coloco a imagem do Cordeiro imolado e o mais sublime dos perdões...
Só assim, Pai, se um dia eu tiver que retornar à carne, poderei me levantar forte e determinado sobre os meus pés e não obstante todos os sofrimentos que experimentar, serei naturalmente capaz de amar acima de todo desamor, de doar mesmo que despossuído de tudo, de fazer feliz aos que me rodearem, de honrar qualquer tarefa que me concederes, de trabalhar alegremente mesmo que em meio a todos impedimentos, de estender a mão ainda que em mais completa solidão e abandono, de secar lágrimas ainda que aos prantos, de acreditar mesmo que desacreditado, e de transformar tudo em volta pela força de minha vontade, porque só o perdão rasga os véus sombrios do ressentimento e da revolta, frutos infelizes do egoísmo e do orgulho, libertando meu coração no rumo do bem e da paz, do amor verdadeiro e da felicidade eterna!
Assim seja!
(Psicografia Instituto André Luiz, 08.03.2003)

sábado, 19 de dezembro de 2009

Joguei tudo pro alto ! E agora?



Estamos vivendo um momento único e muito especial da história da humanidade, um daqueles momentos de transformações profundas e assustadoras. Quando olho ao redor, vejo, cada vez mais, aumentar o número de pessoas que estão arriscando questionar os paradigmas que por tanto tempo embasaram as relações humanas. Se antes as pessoas seguiam por suas vidas como se tivessem tomado um trem que seguia certo por trilhos pré-determinados, hoje em dia vejo muitos seres corajosos saltando do trem em pleno movimento. Já não querem pagar o preço da prometida e tranquila viagem.
Todos nós embarcamos nesse trem no começo de nossas vidas, o roteiro não tinha muito espaço para criações. Sabíamos que, se seguíssemos embarcados, deveríamos cumprir todas as etapas do tal caminho em direção à felicidade: estudar, casar, ter um emprego, ter uma casa, um carro, casar, ter filhos... Vocês sabem do que estou falando. O trem seguiria sempre e sem paradas, assim não deveríamos questionar a viagem.
Muitos tentaram seguir, de verdade. No início acreditaram em todos aqueles folhetos coloridos com promessas de uma vida feliz! Mas lá pelo meio do caminho, exaustos com aquele chacoalhar infernal, sedentos de uma vida mais plena e verdadeira, perceberam que o preço para continuar embarcados era... a sua alma. Para ter a suposta segurança da viagem, eram obrigados a suportar empregos que desrespeitavam sua liberdade de existir e que muitas vezes ofendiam seus princípios e valores. Tinham que continuar casados com pessoas com as quais já não sentiam a chama do amor. Tinham que trabalhar até tarde da noite para não serem mandados embora de seus empregos. Tinham que abrir mão daquilo que lhes era mais precioso, do convívio com as pessoas amadas, do tempo de vida; para cumprir regras que tinham sido escritas sabe-se lá por quem!
E assim, aos poucos, os primeiros seres corajosos foram se jogando do trem, ousando confrontar a monotonia assassina dos trilhos.
- Eu não quero ter que trabalhar até dez horas da noite! - gritaram uns, e saltaram.
- E eu não quero ter de dividir a minha casa com alguém ao me casar. Não podemos nos amar e ao mesmo tempo morar em casas diferentes? - gritou outro, caindo rolando ao lado do trem que seguia furioso.
_ E eu não quero ser mãe! _ gritou outra enquanto rolava até ser amparada por um arbusto próximo aos trilhos.
E é nesse momento que nos encontramos. Muitos já saltaram do trem. A questão é:
O que fazer a partir disso?

Como conduzir uma vida profissional fora dos padrões sugadores que existem nas empresas atualmente?

Como estabelecer relacionamentos mais livres, com mais respeito pela existência alheia?

E se uma mulher ou homem não colocam a função de procriar e cuidar de sua prole como norteadora de suas vidas... qual é a sua razão de viver?
Esse é o momento no qual corajosos pioneiros lançaram-se do trem em pleno movimento, em direção a si mesmos, mas agora encontram-se perdidos, angustiados, sem saber para onde ir. Olham ao redor e veem aquela imensidão de possibilidades. E não existem trilhas, modelos, afinal eles são os primeiros. Uns poucos já conseguiram estabelecer-se fora dos trilhos torturantes, mas não existem regras às quais as pessoas que saltaram possam se agarrar.
Além disso, agarrar-se às novas regras seria, talvez, repetir aquilo que já viviam, criar outros trilhos aprisionadores. Sendo assim, essa não pode ser a saída!
Eu diria, aos corajosos seres que ousaram saltar desse trem, que não tenham pressa em encontrar o novo caminho. Eu diria que não busquem as respostas ou direcionamentos nos livros, nem mesmo no exemplo de outros. Busquem dentro de si mesmos. Essa é a verdadeira revolução. A descoberta da nossa capacidade de criarmos uma vida mais real, baseada nos anseios de nossas almas. A descoberta de nossa capacidade de encontrar uma resposta única, fresca e verdadeira para cada momento de vida, uma resposta que brota de uma fonte de sabedoria que flui ininterruptamente em nossas profundezas.
Assim, acalme-se, controle o medo e invista sua energia em aproximar-se de si mesmo, desse lugar sagrado no seu íntimo onde respostas podem fluir, livres, inovadoras, autênticas.
Um dia essa será a nossa forma de viver, gosto de pensar assim.
E para chegarmos lá, cabe a cada um de nós encontrar o nosso caminho, baseado em nosso Eu mais profundo e verdadeiro. Para isso é necessária uma boa dose de coragem, senso de aventura e confiança na vida. Talvez fiquemos com os joelhos ralados, é verdade. Mas antes um ferimento nos joelhos do que a morte da alma, acreditem!
Patricia Gebrim

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Sentir Primeiro...

Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois

Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois

Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois

Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois
Mário Quintana

Jardim dos Afetos


Está tudo bem? Parabéns! Pode contar comigo. Quer companhia? Lembrei-me de você. Estou torcendo pelo melhor. Em cada frase, uma gota de atenção, uma centelha de afeto. Rega que nutre nossos jardins, mais exuberantes a cada novo carinho. A falta de tempo não é desculpa para descuidar das plantas. O que não faltam por aí são regadores - mensagens por celular, conversa instantânea, email, cartão virtual e, claro, o bom e velho telefonema. Os saudosistas ainda apostam nos bilhetes escritos a próprio punho. Os mais distantes e românticos preferem reeditar as cartas. Longas, detalhadas, sentidas. Seja como for, um bom jardineiro sabe que o importante é manter a regularidade da irrigação, pois dela dependem o viço das flores e a longevidade dos amores." Raphaela de Campos Mello

Os acertos do Erro




Por incrível que pareça, as escolhas aparentemente equivocadas possibilitam caminhos preciosos para adquirir novos conhecimentos


Errar é humano e faz parte da vida, mas quem é capaz de admitir isso com tranquilidade? Por mais que a gente refute a ideia, a verdade é uma só: ele é inevitável na aprendizagem. "Durante toda a vida, estamos em processo de construção. Não existe vivência sem ensaio e o erro é necessário para orientar nossas decisões", lembra Patricia Ewbank, psicóloga de São Paulo, que nos convida a abandonar as visões distorcidas sobre o assunto. Julgá-lo de cara como algo ruim nos afasta da essência da aquisição do conhecimento, que está em constante movimento. E isso vale para quem lida com pesquisa científica, para um bebê que está descobrindo como falar, para um jovem estudante, um empresário, um dançarino...
1) É possível aprender com os erros?
Sim, é claro. Colocar o erro e o fracasso lado a lado - como causa e consequência - é fazer uma associação mecânica e preconceituosa. Aqui há um claro problema de interpretação do erro, pois a falta de acerto torna-se sinônimo de deslize, falha, fracasso, entre tantas outras possibilidades. Mas, definitivamente, não indica ausência de aprendizado, de avanço. Pelo contrário. "Erramos porque pensamos, porque buscamos saídas para resolver alguma questão e optamos por uma delas", explica Maria Cristina Pereira, coordenadora geral do Centro de Educação e Documentação para a Ação Comunitária (Cedac).O filósofo francês Gaston Bachelard (1884-1962), que lecionou na Universidade de Paris-Sorbonne, na década de 40, defendia que o conhecimento ao longo da história não deve ser avaliado pelo acúmulo, mas sim pelas rupturas e retificações que impulsionou. Em seus estudos, Bachelard mostra como o saber científico se constrói pela constante análise de tentativas mal-sucedidas. Ou seja, erro é oportunidade.
2)Como aprender com os erros?
"Não se deve, porém, aceitar ou negar os caminhos mal-sucedidos. O ideal é transformá-lo em objeto de reflexão", afirma Patricia Ewbank, psicóloga de São Paulo. Essa já era a proposta de educação de Jean Piaget (1896-1980), biólogo suíço que se dedicou à observação do processo de aquisição do conhecimento. Ele defendia que um julgamento equivocado pode levar o sujeito a modificar sua forma de pensar, enriquecendo seu repertório. Em outras palavras, a teoria piagetiana defende que o erro pode ser fonte de tomada de consciência, se avaliado corretamente. "O importante é o trajeto do pensamento e a consequência que ele traz. Aprender não significa acertar logo na primeira vez", analisa Patricia. Esses conceitos continuam vivos no mundo contemporâneo. Guy Brousseau, nome influente nos parâmetros do ensino público francês, é um dos educadores que deles se vale até hoje. Sua Teoria das Situações Didáticas traz uma concepção inovadora do tema, distante da ideia de um desvio imprevisível e encarado como um obstáculo valioso, resultado de um conhecimento anterior, que já teve sua utilidade, mas que no presente mostra-se inadequado.
3) Como aceitar melhor nossos erros?
"Muitas pessoas ainda acreditam que para serem aceitas precisam ser perfeitas e corresponder a um ideal. Esse pressuposto é muito forte e presente nos dias de hoje", diz a psicóloga Patricia. A solução para fugir dessa armadilha é ser humilde (virtude que, nem de longe, corresponde à fraqueza, mas sim à capacidade de reconhecer as próprias limitações naquele momento) e acreditar que falhas eventuais não nos diminuem. "Quem não compreende os próprios erros supervaloriza as regras de comportamento social e tende a se tornar uma pessoa rígida consigo mesma", explica a psicóloga. É necessário ainda outro ingrediente para compreender essa questão. Ou seja, precisamos nos libertar urgentemente da rígida classificação que insiste em dividir a vida em "certo" e "errado". No livro Erro e Fracasso na Escola - Alternativas Teóricas e Práticas (Summus Editorial), Yves de La Taille, especialista em psicologia moral, explica como se pode aprender com nossas falhas. É ele quem aconselha ainda a rever o conceito de corrigir nossos fracassos. Mais do que isso, a aprendizagem pode estar justamente em saber usar o erro como referência ou ainda como algo construtivo para as próximas etapas da vida. Isso nos aproxima da sabedoria, que só se instala quando conseguimos olhar para nossos erros e acertos com a mesma serenidade. Texto: Maria Clara Braz



“Pensamos demasiadamente Sentimos muito pouco Necessitamos mais de humildade Que de máquinas. Mais de bondade e ternura Que de inteligência. Sem isso,a vida se tornará violenta e tudo se perderá.”Charles Chaplin
"Basta você acreditar que nada acontece por acaso. Talvez seja por isso que você estejaagora lendo estas linhas.Tente observar melhor o que está a sua volta.Com certeza alguns desses sinais já estão por perto e você nem os notou ainda.Lembre-se, que o universo sempre conspira a seu favor quando você possui um objetivo claro e uma disponibilidade de crescimento..."
Paulo Coelho

" Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar,


mergulho em profundo silêncio - e eis que a verdade se me revela"


Albert Einstein

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

BUDISMO:Uma visão sobre os ciclos que acompanham a vida do ser humano



Como religião ou como filosofia, o Budismo sempre ressaltou a importância de se encarar diretamente a realidade da morte, definindo-a, assim como a doença e a velhice, como um dos sofrimentos fundamentais que devemos enfrentar. Por causa dessa definição, muitas vezes associa-se ao budismo uma visão pessimista da vida, quando na realidade é precisamente o contrário. Como a morte é inevitável, todo o intento de ignorar ou evitar esta realidade essencial da vida nos condena a uma forma de vida superficial. Uma clara consciência e correta compreensão da morte nos permite viver sem medo, com força, com clareza de propósito e alegria.

O Budismo considera o universo como uma vasta entidade viva. Nela, os ciclos individuais de vida e morte se repetem sem cessar. Passamos por estes ciclos todos os dias, enquanto milhões de células de nosso corpo morrem e se renovam por meio de um processo metabólico. A morte é, então, parte imprescindível da vida, possibilitando a renovação e um novo crescimento. No momento da morte, regressamos ao vasto mar da vida como uma onda rompe e volta a enterrar-se em mar aberto. Com a morte, a força vital fundamental, individual, sustentáculo de nossa existência, regressa ao grande universo. O ideal seria poder experimentar a morte como um período de descanso, como um sono rejuvenescedor após a luta e esforços do dia-a-dia. O Budismo afirma que a continuidade dos ciclos de vida e morte é permanente e que, neste sentido, nossa vida é eterna. Como escreveu Nitiren: "Quando examinamos a natureza da vida desde a perfeita iluminação, percebemos não haver um começo marcando o nascimento e, portanto, não haver um fim que signifique a morte".

No século V, o grande filósofo Vasubandhu da Índia desenvolveu o "Ensinamento das nove consciências" cujo tema é descrever as funções eternas da vida. Em sua teoria, as primeiros cinco níveis de consciência correspondem aos cinco sentidos e o sexto, ao pensamento consciente. Este sexto nível de consciência inclui a capacidade de efetuar juízos racionais e de interpretar a informação recolhida pelos sentidos. O sétimo nível de consciência chamado manas corresponde ao subconsciente tal como o descreve a psicologia moderna. É o local onde se encontra nosso sentido profundo de um "eu". Por debaixo deste, encontra-se a oitava, a consciência alaya. Neste nível, encontra-se a energia potencial, tanto positiva como negativa, criada por nossos pensamentos, palavras e ações. Esta energia potencial, também conhecida como tendência profunda de vida, é o que chamamos de carma.

Novamente, revela-se uma outra diferença de certas suposições: o Budismo não considera o carma fixo e imutável. Nossa energia cármica, cujos textos budistas descrevem como torrente embravecida da consciência alaya, interage com outros níveis de consciência. É nesta camada sumamente profunda que os seres humanos exercem influência entre si, ao redor e em toda a vida. Também, aí, se mantém a continuidade entre os ciclos da vida e da morte. Quando morremos, a energia potencial que representa a balança cármica de todas as nossas ações - criativas e destrutivas - egoístas e altruísticas - continua fluindo na consciência alaya. É isto- o carma -, que determina as circunstâncias em que a energia potencial voltará a manifestar-se no nascimento, como uma nova vida individual.

Finalmente, existe um nono nível de consciência. Esta é a fonte da própria vida do cosmo abarcando e sustentando, inclusive, a função da consciência alaya. O propósito da prática budista é estimular e despertar esta consciência chamada amala, fundamentalmente pura, ou ainda a própria sabedoria, cujo poder reside em transformar até o fluxo de energia negativa mais arraigado nas camadas mais superficiais da consciência.

As questões da vida e da morte são fundamentais, subjazem e determinam como vemos praticamente tudo. Assim, uma compreensão profunda da natureza da morte e da eternidade da vida, pode abrir novos horizontes para toda a humanidade e "dar rédeas soltas" às reservas de sabedoria e compaixão que, anteriormente, encontravam-se inexploradas.

Adaptado de um artigo publicado pela SGI Quartely com permissão do departamento de Relações Públicas da Soka Gakkai Internacional

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Trailer : A Carne é Fraca

Como dar Vida às Nossas Vidas - As Transformações Começam Conosco


Há um antigo ditado japonês:"Se houver relacionamento, faço; se não houver relacionamento, saio".
Um Mestre Zen, no final do século passado, fez a seguinte alteração:"Havendo relacionamento, faço; não havendo, crio relacionamento".

Essa mudança de paradigma é extremamente importante. Devemos também lembrar que criar um relacionamento não significa, necessariamente, obter resultados imediatos, embora muitas vezes estes ocorram.

Novos relacionamentos em padrões antigos perdem seu significado. Precisamos criar relacionamentos a partir de novas maneiras de nos relacionar, de ver o mundo, de ser, de inter ser. Essa nova maneira pode, inclusive, recarregar de energia positiva antigos relacionamentos.

Para descobrirmos novas maneiras precisamos, primeiramente desenvolver a capacidade de perceber como estão nossos relacionamentos atuais.

Observe e considere meticulosamente a si mesmo. Perceba como está se relacionando em casa, na rua, no trabalho, no lazer. Perceba como respira, como anda, como toca nos objetos, como usa sua voz, como são seus gestos e como são seus pensamentos e os não pensamentos. Esse observar não deve ser limitante, constrangedor, confinador.

Apenas observe. Como você se relaciona com o meio ambiente, biodiversidade, reciclagem, justiça social, melhor qualidade de vida, guerras, violência, terror, paz, harmonia, respeito, garantia dos Direitos Humanos? Como você e o seu logos se relacionam entre si e em relação aos projetos de sucesso, de lucro, de desenvolvimento e progresso de sua organização?

Como está se relacionando com o mais íntimo de si mesmo, com a essência da Vida, com o Sagrado?

Será que é capaz de ver, ouvir, sentir e perceber a rede de inter relacionamentos de que é feita a vida? Percebe e leva em consideração, na tomada de decisões, a interdependência?

Tanto individualmente, como no coletivo, nossa participação e compreensão como estão? Será que estamos conscientemente vivendo nossas vidas e direcionando nossos pensamentos, ações e palavras para o sentido de mudança que queremos e sonhamos?

Mahatma Gandhi disse: "Temos de ser a transformação que queremos no mundo".

Geralmente pensamos no mundo como alguma coisa distante e separada de nós, mas nós somos a vida do universo em constante movimento. Podemos até dizer que o mundo somos nós. Nossa vida forma o mundo, é o mundo, não apenas está no mundo. Inclui todas as formas de vida e seus derivados e nos inclui neste instante, instante após instante. Há um monge chinês do século VII, Gensha Shibi , que dizia : "O Universo é uma jóia arredondada. Somos a vida desse universo em constante transformação. Nada vem de fora, nada sai para fora".

De momento a momento tudo está mudando, nós fazemos parte dessa mudança e podemos escolher, discernir qual o caminho que queremos dar a esse constante transformar. É por isso que digo que a transformação começa em nós. Na verdade vai além de apenas começar. É em nós. Nossa capacidade humana de inteligência e compreensão nos permite fazer escolhas. E o que estamos escolhendo?

Outra frase de Mahatma Gandhi:

"Quando uma pessoa dá um passo em direção à Paz, toda a humanidade avança um passo em direção à Paz"

A minha decisão, a sua decisão pode transformar ou influenciar a direção da mudança.

Há um sutra budista que descreve o mundo como uma rede de inter relacionamentos. Como se fosse uma imensa teia de raios luminosos e em cada intersecção uma jóia capaz de receber essa luz e emitir raios em todas as direções. Qualquer pequena mudança afeta o todo. Cada ser que se transforme em um ser de paz, de harmonia, de ternura, carinho e respeito pela vida em todas as suas formas estará sendo uma mudança viva e influenciando tudo e todos.

Qual o primeiro passo? Conhecer a si mesmo. Conhecer nossos mecanismos. O que nos afeta, nos incomoda? O que nos alegra? O que nos irrita? Como transformar a raiva em compaixão? Como transformar o desafio em competição leal, justa, empreendedora, enriquecedora? Sem nos preocuparmos com os créditos, se formos capazes de fazer o bem, não fazer o mal, fazer o bem aos outros estaremos transformando nossos lares, nossas amizades, nosso ambiente de trabalho, nossas organizações, nossas cidades, estados, países, nações, mundo... e a nós mesmos... no florescimento da Cultura da Paz.

"Estudar o Caminho de Buda é estudar a si mesmo. Estudar a si mesmo é esquecer-se de si mesmo. Esquecer-se de si mesmo é ser iluminado por tudo que existe. Transcender corpo e mente seu e dos outros. Nenhum traço de iluminação permanece e a Iluminação é colocada à disposição de todos os seres." (Mestre Zen Eihei Dogen - 1200-1253)

É importantíssimo que iniciemos este "estudar a si mesmo", já. Cada um de nós que perceber seu próprio mecanismo ficará em controle desse mecanismo e não mais à mercê de seus sentimentos e emoções, desejos e frustrações, puxado, empurrado, espremido e puxando, empurrando, espremendo - envenenados pela ganância, raiva e ignorância.

Imagine um mundo aonde podemos brilhar uns para os outros, sem ódios, mas com carinhoso respeito e terna compreensão. Percebendo nossas diferenças, aceitando a diversidade da vida e juntando nossas capacidades tanto intelectuais como físicas na construção desse verdadeiro Céu, Paraíso, Terra Pura, Shambala de que falam as religiões, todas elas.

Cabe a nós, a cada um de nós criar esse relacionamento de carinho com a vida, de ternura com todos os seres, de compreensão, de sabedoria e compaixão para percebermos o Caminho Iluminado e o Nirvana permeando toda a existência.
Isso é dar vida à nossa própria vida

Monja Coen Shingetsu

Vampiros Emocionais



Nós, que nascemos para viver em sociedade, convivemos hoje com um tipo de sociedade muito diferente daquela em que nossos ancestrais exercitavam a conviviabilidade.
Claro que sempre houve competição no mundo, mas também é evidente que sua proporção, intensidade e insanidade cresceram em função do tempo, razão pela qual o individualismo é hoje muito mais frequente que em épocas não tão remotas da própria sociedade brasileira.Isso explica o sucesso das redes sociais na internet: as pessoas se sentem solitárias, sem tempo, e às vezes sem disposição para o convívio real, mas continuam com a necessidade humana básica de estabelecerem laços e estarem "conectadas". A tecnologia une as pessoas, não da mesma maneira que as relações não virtuais, mas une. Deve ser encarada como complementar, não suplementar. Deve aproximar as pessoas e não apenas "criar" conveniência para um encasulamento. A necessidade de dividir fotos, trechos de livros, filmes e músicas com as outras pessoas da comunidade virtual expressa um desejo de identidade em um "mundo sem rosto"...Esse excesso de competição, individualismo e falta crônica de tempo livre, explicam ao menos em parte, muitos dos fenômenos atuais, como por exemplo o sucesso de filmes como Crepúsculo (2008/EUA), direção de Catherine Hardwicke. Por que o filme estrelado pelo ator inglês Robert Pattinson e pela atriz americana Kristen Jaymes Stewart cativa tanto o público? Ou melhor, porque as mulheres saem tão emocionadas do cinema ao ponto de quererem "um vampiro para chamar de seu"?O tema dá para uma tese de mestrado, mas vamos lançar apenas algumas reflexões...Em primeiro lugar o tema do filme não é os vampiros, isso é a fachada, o tema é o amor, afinal não se trata de um vampiro qualquer, mas de um vampiro-herói, que cuida, protege e ama. Ele se importa. E isso faz toda a diferença! É isso que especialmente comove o público feminino. Mulheres, por mais fortes e decididas que sejam, desejam alguém que as proteja e se importe verdadeiramente com elas.A segunda questão envolve os aspectos psicológicos (arquétipos) contidos nos vampiros: a sexualidade, a tensão e o risco da paixão extrema e perigosa, onde se expõe o próprio "pescoço" e se entrega o próprio "sangue", uma paixão que evidencia seus aspectos patológicos de vida e morte. Os vampiros são tratados na literatura e no cinema como profundamente sedutores, misteriosos e, à sua maneira, encantadores, pelo menos para quem se identifica...Na literatura e nos filmes sempre encontramos as pessoas que querem ser mordidas pelos vampiros, querem viver essa intensa emoção de vida e morte, desejam viver a sedução e penetrar no mundo do mistério e, não raro, da fusão com o outro (desejo interior, embora perigoso, de todos os amantes).O vampiro de Crepúsculo parece-se mais com o doce vampiro de Rita Lee.No fundo, as pessoas andam muito carentes, e se encontram alguém que se importe e pareça as proteger, se entregam de maneira irracional e inconsequente.Lembre-se que fora das telas existem vampiros reais, vampiros emocionais que não amam, não se apaixonam, não protegem de verdade e estão apenas interessados no que os favoreça. Para essas pessoas que vampirizam as amizades, os ambientes de trabalho, as relações afetivas, você não passa de um suculento "pescoço" (objeto de desejo) e de "sangue fresquinho" (nova conquista). Acredite, esse tipo de "vampiro" é muito mais comum do que você possa imaginar, assim como é incrivelmente comum o número de pessoas que se deixam "vampirizar" porque em um mundo tão distante e carente. Ter um vampiro para chamar de seu, parece uma opção válida, mas não é...Vampiros poéticos como Edward são pouco prováveis na vida real. Vampiros reais são sempre vampiros predadores e, assim como os escorpiões, à primeira oportunidade, manifestam sua essência e seus reais interesses. Como dizia nossa avó: mais vale estar só que mal acompanhado. Não saia por aí expondo sua jugular a qualquer um que se ofereça a cuidar de você!


Carlos Hilsdorf

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O Ponto

Somos seres em transformação. Ainda bem !


"Nascemos completamente imersos num universo que se desenvolve por meio de ciclos. Tudo tem um determinado princípio e segue, a partir daí, uma inexorável trilha de florescimento, amadurecimento, envelhecimento, chegando, por fim, à morte. Ou, melhor dizendo, transforma-se em alguma outra coisa. Tudo progride dessa maneira no nosso plano de existência, desde as pedras, as árvores e as flores até os relacionamentos, as carreiras e os amores. Tudo. No entanto, desde cedo fomos sendo doutrinados ao péssimo, inútil e desgastante hábito de não aceitar que esses ciclos tenham o seu final. Recusamo-nos sequer a pensar em algo que se aproxime da morte. E quando falo em morte não me refiro apenas a essa tão temida morte física do corpo, mas a qualquer tipo de disfarce que esses ciclos se utilizam para nos dizer que determinada época chegou ao seu final, e que a partir de então algo novo deve tomar o lugar de pessoas e situações às quais já nos havíamos acostumado. Somos seres em constante estado de aperfeiçoamento e, no mais profundo de cada um de nós, sabemos muito bem disso. Apenas o medo de encarar o que ainda não conhecemos, aliado ao apego - sobre o qual ainda falaremos nesse espaço, em breve , é que nos posiciona permanentemente aquém da linha divisória entre o mundo a que hoje pertencemos e a nova vida que poderíamos ter. De pé, acovardados, ali permanecemos, muitas vezes por toda a vida, alimentando um estressante estado de tensão ante qualquer tipo de abandono do passado, mesmo que as mudanças tenham o firme propósito de melhorar nossas vidas. De qualquer forma, passamos a existência tentando, buscando, errando, se machucando, acertando e, com tudo isso, crescendo. E qualquer crescimento tem a maravilhosa propriedade de nos atrelar a uma saudável instabilidade quanto ao que esperamos do futuro. No entanto, nossos medos terminam por nos colocar num interminável "presente", temerosos por fazer as mudanças que sabemos necessárias. Então, procurando eternizar o "hoje", buscamos uma falsa segurança ao assumirmos para com nós mesmos algumas responsabilidades que, no fundo, sabemos não ter capacidade de levar adiante. Simplesmente porque ainda não sabemos muito bem como funcionamos, como reagimos às coisas que acontecem o tempo todo ao nosso redor. Nossa inexperiência em lidar com o emocional bem poderia fazer com que andássemos, tal os automóveis recém saídos das revendedoras, com uma placa nas costas: "Cuidado! Espírito amaciando". O que quero dizer com tudo isso é que as coisas do passado, por melhores que tenham sido, pertencem exclusivamente ao passado. A qualidade daquele tempo, responsável por ter trazido momentos possivelmente inesquecíveis para serem vividos, há muito já lhe pode ter dado sinais de que se foi. E só você pode ainda não ter percebido. Nenhum momento feliz vem para ficar constantemente ao seu lado. Vem, na verdade, como resultado de uma combinação de fatores pessoais, seus e das pessoas envolvidas, que por sua vez não são, de forma alguma, constantes. Esses fatores tipicamente humanos estão em constante ebulição, transformando-se a cada minuto. Aqueles "bons e velhos tempos" quiseram tão somente pedir a você que os aproveitasse ao máximo, e não que pretendesse que jamais terminassem. Querer que o passado retorne, com todo o seu brilho e juventude, com todas as suas possibilidades e esperanças, é desconhecer profundamente a qualidade fundamental da matéria que compõe a vida: sua capacidade de renascimento e regeneração. A mudança é a característica básica daquilo que foi feito para ser transformado. "
Ricardo Bohek
Quem quer fazer alguma coisa encontra um meio. Quem não quer fazer nada, encontra uma desculpa.(Provérbio Árabe)

Dancem Macacos Dancem

Oração da Nova Era

"Do ponto de luz na mente de Deus flua Luz às mentes dos homens,Que a Luz desça à Terra do ponto de amor no coração de Deus flua amor aos corações dos homens, Que o Cristo retorne à Terra do centro onde a Vontade de Deus é conhecida, Que o propósito guie as pequenas vontades dos homens, O propósito que os Mestres conhecem e servem, do centro a que chamamos a raça dos homens,Cumpra-se o plano de amor e de luz,E feche a porta onde se encontra o mal. Que a luz, o amor e o poder restabeleçam o plano sobre a Terra. "
“A vida é uma experiência destinada a treinar o indivíduo para um estado de existência mais elevado, mais profundo e mais ampliado, através da experiência dos resultados de suas ações. O objetivo da vida é a obtenção da completa perfeição, através da fusão no Absoluto.”
(Sathya Sai Baba)

O que é a dor?

Uma mulher disse: "Fala-nos da Dor."E ele respondeu:"Vossa dor é o quebrar da concha que encerra vossa compreensão.Como a semente da fruta deve se quebrar para que seu coração apareça ante o sol, assim também deveis conhecer a dor.
Se vossos corações pudessem se manter sempre maravilhados com o milagre diário de vossas vidas, vossa dor não vos pareceria menos maravilhosa que vossa alegria;E aceitaríeis as estações de vosso coração, como sempre aceitastes as estações que passam sobre vossos campos.E esperaríeis com serenidade durante os invernos de vossa aflição.
Muitas de vossas dores vós mesmos as escolhestes.É o remédio mais amargo com o qual vosso médico interior cura o vosso Eu doente.Portanto, confiai no médico, e bebei seu remédio em silêncio e tranqüilidade:Porque sua mão, embora pesada e dura, é guiada pela suave mão do Invisível.E a taça que ele vos dá, embora queime vossos lábios, foi fabricada com o barro que o Oleiro umedeceu com Suas lágrimas sagradas."
Gibran Khalil Gibran (livro "O profeta")

Agradeça sempre


"Seja agradecido com todos.Porque todo mundo está criando um espaço para você ser transformado – mesmo aqueles que acham que estão lhe obstruindo, mesmo aqueles que você pensa que são seus inimigos. Seus amigos, seus inimigos, boas e más pessoas, circunstancias favoráveis, circunstancias desfavoráveis – tudo isso junto está criando o contexto no qual você pode ser transformado e tornar-se um Buddha. Seja agradecido a todos – àqueles que lhe ajudaram, àqueles que lhe obstruíram, àqueles que foram indiferentes. Seja grato a todos, porque todos juntos estão criando o contexto no qual Buddhas nascem, no qual você pode se tornar um Buddha."
Osho - ( Extraído de: Book of Wisdom, Chapter 5)

Pensamentos...

“Se pensarmos pequeno...coisas pequenas teremos...Mas se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor, o melhor vai se instalar em nossa vida.Porque sou do tamanho daquilo que vejo e não do tamanho da minha altura.”(Fernando Pessoa)

Coragem

"A vida exige enorme coragem. Apesar de todos os medos, temos que começar a viver. E a vida é insegurança. Se você ficar preocupado demais com proteção e segurança, você permanecerá confinado a um pequeno cantinho, quase em uma prisão. Será seguro, mas não será vivo, não terá aventura, não terá êxtase.. "(Osho)

Por que as mudanças assustam tanto?




"A transitoriedade das coisas que você mais estima pode inspirá-lo a buscar algo que não possa ser tirado". Tartang Tulku
"Acredito que você concordará comigo se eu disser que a mudança costuma ser um tema um tanto difícil de assimilar. Mudança é uma palavra que insere em si sentimentos difíceis de elaborar. Mas o principal deles, e o mais temido, é o medo da morte. Não exatamente o medo da morte física, que é a última das mortes que experimentamos em nossa passagem por este planeta, mas da morte ou transformação psíquica que antecede as mudanças efetivas e visíveis que fazemos em nossas vidas. Sim, porque quando mudamos alguma coisa em nossas vidas, é certo que alguma coisa se transformou primeiramente dentro de nós. Mas por que é sempre tão difícil pensar na morte e nas mudanças? Por que a morte exerce tanto fascínio e temor em nossos corações? Os romanos tinham o seguinte provérbio: memento mori, que quer dizer: lembre-se que vai morrer. Se você parar para refletir sobre a morte, perceberá que a cada momento, a cada minuto, tudo está morrendo abrindo espaço para o novo entrar. É a velha e conhecida lei da transitoriedade, que nos ensinam os orientais mais tradicionais. O que quero dizer com isso é que, por trás de toda dificuldade de aceitação dessa inevitável lei, está nosso medo ancestral de morrer, ou seja, toda mudança evoca nosso instinto básico de sobrevivência e lutamos bravamente, para preservar situações que, na maioria das vezes destroem nossos melhores sentimentos e emoções, por medo de morrer. Mas o que não percebemos é que, no desespero de preservar tudo o que construímos, seja um trabalho, um casamento, uma profissão, morremos um pouco a cada dia, na ilusão da preservação da vida. Entregar-se à vida e a tudo o que ela pode nos trazer de novo, inclusive à possibilidade da morte, é nosso maior desespero. Abandonar-se. Por que isso é tão difícil e desesperador? Mesmo um abandono temporário, como a pratica da meditação, por exemplo, é desesperador para muitas pessoas. E dizemos: "meus pensamentos não me deixam em paz, não consigo me entregar, esvaziar, silenciar". Sentimos medo. Somos todos construídos pelo medo. Medo da vida, medo da morte, medo do novo. Se definitivamente, compreendermos que toda experiência é impermanente, que nosso trabalho será maravilhoso enquanto nos der prazer e alegria, que nosso casamento será eterno enquanto o amor e o respeito prevalecerem, e que quando isso deixar de existir, devemos buscar outras fontes de felicidade e alegria, abrindo espaço para que o novo penetre novamente nossa alma preenchendo-a de alegria e êxtase. Quando pudermos compreender essa maravilhosa lei, nesse momento, e somente nesse momento, poderemos encontrar verdadeiramente nossa felicidade. Essa lei, da qual não podemos fugir nem evitar, faz com que nossa vida tenha movimento. É a grande lei que trabalha a favor da evolução, pois ela nos atira de experiência em experiência, sem descanso, até que um dia finalmente compreendemos que tudo o que buscamos está bem dentro de nós. E isso nunca muda. Somente quando nos sentimos livres, quando temos a coragem de arrancar algumas máscaras que fomos obrigados a vestir, algumas mais cristalizadas do que outras. Quando deixamos de aceitar alguns papéis impostos, começaremos a construir uma verdadeira liberdade, que brota do âmago de nosso ser interior, de nossa alma, do que há de mais profundo dentro de nós. Não falo de uma falsa liberdade que ainda obedece a interesses sociais, mas a verdadeira liberdade de ser, de seguir seu verdadeiro destino que é ser você mesmo, sem máscaras, sem estereótipos. É claro que esse estado implica em sofrimento até que se encontre o êxtase. Implica em solidão, em contato com a dor do descontrole sobre todas as coisas e pessoas que tentamos desesperadamente controlar. Requer o aprendizado e o exercício da maior dificuldade humana, e a maior qualidade necessária para o desenvolvimento espiritual, que é o desapego. Todos os esforços que fizermos em direção contrária ao desapego, ao descontrole, à entrega, serão em vão, pois são contra o princípio básico da vida. Procure e pratique o silêncio, e nele tente encontrar esses sentimentos, carregados dos medos e desesperos que são de todos nós. Não tenha medo de ficar sozinho com você mesmo, pois você nunca estará sozinho, já que seus sentimentos são os sentimentos de todos nós. Cada um de nós deve conquistar sua própria solitude, que não deve nunca ser confundida com solidão. Solitude é um suave estado e sentimento de prazer e liberdade que nos traz a ausência do medo de estar só."
Eunice Ferrari

Leis Herméticas - parte 1

Leis Herméticas - parte 2

Tudo passa...Tudo sempre passará...


"A vida é como uma onda. Ou como uma dança, em que cada momento é único e tem de ser vivido com plenitude. O que é ruim passa e o que é bom também passa. Aceitar a impermanência da alegria e da tristeza e entender que não dá para segurar esse fluxo permite aproveitar melhor o que está aqui e agora.

Por encanto, o momento tornou-se perfeito, sublime: o encontro com a pessoa amada, a festa com os amigos, a descoberta de algo que trouxe grande felicidade. O desejo é que esses momentos não acabem nunca mais. Mas nem toda vontade do mundo, nem todo controle e força são capazes de prolongar ou manter indefinidamente qualquer coisa, por mais bela, positiva ou bem-intencionada que seja.
Surfista das praias do litoral norte de São Paulo, o paulista Renato Guiselini Gonçalves aprendeu esse vaivém da vida com as ondas do mar. “Observo com muita atenção o movimento delas, seu ritmo e constância antes de entrar na água. Elas têm um padrão, uma lógica no caos aparente que é o oceano. Tenho de saber que música elas tocam para, então, decidir como vou dançar”, avalia Renato. Essa sabedoria, ele aplica igualmente na vida. “Aprendi a usar o fluxo das ondas a meu favor. Não luto contra elas”, revela o surfista. As aventuras pelas praias com sua moto também ensinaram outras lições. “Viajantes são obrigados a se adaptar às circunstâncias e a tirar delas o melhor proveito – é gente maleável por natureza. Nunca carregam muito peso na mochila, pois a leveza facilita a liberdade de movimentos”, acredita Renato. Ser mais tolerante e paciente também ajuda, aconselha ele. “E a vida nada mais é do que uma viagem”, confirmam os versos do compositor americano Bob Dylan.
Lições da floresta
A natureza também inspirou o paulista Luís Fernando Rosado. Produtor de shows e eventos em São Paulo, abandonou tudo para se dedicar a uma pousada no meio da Mata Atlântica, na serra da Mantiqueira. Ele testemunha todos os dias a eterna renovação da natureza. “Se um ciclo não termina, não existe a possibilidade de algo novo começar. A eterna transformação garante a continuidade da vida. E as mudanças são ótimas oportunidades de crescimento e expansão”, aprendeu Luís.
O exemplo da renovação cíclica da natureza vem da floresta. “Numa zona desmatada e árida, nasce uma primeira camada de vegetação. Dizem os índios que esses vegetais vão se doar generosamente depois, morrendo e servindo como húmus para a formação da segunda camada de vegetação, que vai substituir quase inteiramente a primeira”, explica Luís. “Durante esse processo, mudam também as espécies de pássaros, insetos e animais”, diz ele. Isto é, se uma camada não morre, a outra não floresce.
Dentro de casa, a gerente administrativa paulista Márcia Bianco também observa essa constante transformação, tanto na alquimia de fazer ingredientes distintos virarem um bolo como na louça que cai e quebra. “Hoje de manhã, olhei para minha pulseira de contas de cristal. Pensei: se ela ficar debaixo das rodas de um carro, vira pó. Essa sensação constante de que se pode gostar das coisas enquanto elas estão perto, mas que não se deve sofrer quando elas mudam, me ensina a ver a vida com mais leveza e liberdade”, acredita Márcia.
Velha mania
Mesmo assim, insistimos em nos agarrar ao que é conhecido – parece mais fácil e confortável. Na verdade, só queremos garantir o que nos agrada, nos dá prazer e segurança. “Mas não existe nada no mundo que impeça o movimento contínuo da vida”, reconhece a psicóloga junguiana Sueli Scartezini, de São Paulo. Ela acompanha doentes terminais e sabe que essa vontade de “ajeitar as coisas a nossa maneira” pode estar presente até nos últimos momentos da existência. “Nos prendemos às pessoas, às circunstâncias, aos bens materiais e principalmente aos nossos ódios e aversões”, diz ela. Não enxergamos como a vida se manifesta. “O desejo de que as coisas permaneçam iguais acontece porque não nos reconhecemos como parte integrante da natureza. Deixamos de perceber os ciclos em que estamos inseridos e nos fixamos numa determinada situação, interna ou externa”, explica Suely.
O pior é que, quanto mais cola nesse esparadrapo, mais ele dói e custa para sair. “A vontade de que algo não mude pode se tornar obsessiva. Com o medo de perder o que temos, surgem tentativas de controle, baseadas na eterna ilusão de que vamos deter o fluxo dos acontecimentos”, diz a psicóloga.
Impermanência
Os budistas chamam de apego essa tendência ao grude. Segundo as palavras de Buda há mais de 2,5 mil anos, essa é a grande causa do sofrimento do mundo. E o apego machuca tanto porque não reconhecemos a impermanência da vida, isto é, não aceitamos que tudo muda e que nada permanece – inclusive nós mesmos. Sim, a morte e a doença nos obrigam a refletir sobre isso. “São temas tão importantes que estavam presentes no primeiro e no último pronunciamento de Buda, feito há milênios”, escreveu o canadense Glenn. H. Mullin, no livro Os Mistérios da Morte na Tradição Tibetana (ed. Kuarup).
A compreensão do conceito de impermanência também pode chegar por meio de algo alegre e vivo. Foi com esse espírito leve que 50 mil budistas cantaram Como uma Onda no Mar, de Lulu Santos e Nelson Motta, num encontro realizado em São Paulo para comemorar o nascimento de Buda. Rebatizada como Melô da Impermanência, a canção ganhou o coro de gente satisfeita com a vida, inclusive por saber muito bem que “nada do que foi será do mesmo jeito que já foi um dia/ Tudo passa, tudo sempre passará...”.

Bons Fluidos- ago/2002 - Texto: Liane Camargo de Almeida Alves